Eliane Giardini brinca que sempre que recebe um convite de Glória Perez para atuar, aceita sem saber o que vai fazer. A intérprete da zelosa Indira de Caminho das Índias já soma seis trabalhos com a autora, quase todos com papéis de destaque.
Por isso mesmo, não se incomodou com as supostas semelhanças entre o trabalho atual e a inesquecível Nazira, solteirona marroquina que interpretou em O Clone. Aos 56 anos, ela também atribui à maturidade a segurança que vem sentindo.
“A experiência leva a gente à tranqüilidade. Você passa muitas vezes pelo mesmo ‘lugar’, já sabe maneiras de se virar bem”, filosofa.
Eliane se sente cada vez mais jovem para experimentar coisas novas. A atriz dirigiu recentemente seu primeiro curta-metragem, Filtro de Papel, ao lado da filha, Mariana Betti. E gostou tanto da experiência que começou a “pensar grande”, como gosta de se referir.
“Vi um edital para um longa-metragem de baixo orçamento e já me animei toda”, antecipa, completando que não pode dizer ainda que texto pretende rodar. “Dirigir mudou completamente meu olhar de atriz. Quero explorar cada vez mais esse lado porque sei que isso vai se refletir na minha atuação no ar, como acontece agora, em Caminho das Índias“, garante.
Essa é a sua segunda personagem estrangeira em uma novela. Foi mais difícil compor uma indiana do que uma marroquina?
Não sei se dá para dizer que foi mais fácil ou mais difícil. Mas a verdade é que a Globo está mostrando uma preocupação forte com a preparação de todo o elenco antes de começarem as gravações. Ficamos uns 45 dias em workshops, estudando só a cultura indiana. E com atividades todos os dias. No mês de agosto tive de me dividir um pouco, porque ainda estava terminando Capitu. Mas essas lições foram fundamentais. Vimos análises de comportamento, palestras, dança, culinária, tudo que faz parte do universo indiano. A preparação para Caminho das Índias foi muito maior do que para O Clone. Na verdade, o que a gente aprendeu sobre o Marrocos também ajudou nesse trabalho.
De que jeito?
É quase que uma extensão. A cultura do Marrocos tem muitas semelhanças com a indiana, embora seja completamente diferente. Em ambas, a família é a base de tudo. Os conflitos dos personagens estão muito ligados a valores familiares. E isso é muito sábio até. Eu gosto porque lembra a minha educação. Parece bastante com a minha família.
Que semelhanças com o seu passado ajudaram nesse trabalho?
Vim do interior, de uma família grande, italiana. Às vezes, eu fico pensando que a diferença é meio que de tempo. Meu avô veio da Itália e montou uma oficina mecânica aqui. Todos os filhos trabalhavam com ele. Se algum queria sair, sentia vontade de viver outras experiências, virava o desgosto da família. Tinha de trabalhar ali. Por um lado é massacrante, porque você perde sua individualidade. Mas, por outro, você encontra uma sustentação, sabe que não está sozinho no mundo. É uma segurança maior ter pessoas dando suporte a você. Aconteça o que for, elas vão estar ali. Quando gravo, tenho a sensação de que estou lá em Sorocaba, na Rua Comendador Oeterer, com a minha avó e minha bisavó. Isso me ajudou a entender vários valores abordados na novela.
Muita gente reclama que a Índia não tem mais a rigidez de costumes que a novela apresenta. Você é muito abordada nas ruas por causa disso?
Sinceramente, esses comentários não fazem a menor diferença para mim. Tem gente que vai gostar muito e gente que vai odiar o que está sendo mostrado. Posso dizer que ouço muitas coisas boas de vários indianos, descendentes de indianos e pessoas que já visitaram a Índia. Aliás, nunca pensei que tivesse tanta gente no Rio com referências indianas. Acredito que a Índia está passando por uma modificação absurda agora, até porque não existem mais barreiras, as informações circulam. Existe uma tendência ao individualismo lá também. Parece que é uma questão de tempo para que tudo acabe, os costumes estão se dissolvendo rápido.
O que essas pessoas dizem?
A maioria acha, pasme, que a abordagem é até discreta. Alguns falam que a novela está pálida. E isso enquanto há brasileiros que reclamam que é tudo alegre demais. Há um tempo atrás, eu dava muito valor ao que as pessoas achavam, ficava preocupada. Hoje aprendi a ser indiferente a essas coisas.
Você sentiu falta de gravar na Índia? Isso atrapalhou sua composição?
Não vou mentir que não estava louca para ir com a equipe. E achei que fosse. Mas não rolou. Analisando bem, não havia necessidade. A maioria das minhas cenas é em estúdio, são poucas as externas que faço em cidade cenográfica. Claro que ver, conviver, ainda que por pouco tempo, teria sido de grande valia. Mas não me sinto prejudicada com isso.
A Indira marca, de certa forma, seu retorno a um papel cômico na TV. Você gostou dessa volta?
O bom da Indira é que ela tem um pé no humor sim, mas é uma mulher com conflitos densos. Eu senti falta de sair um pouco da comédia antes. E fui atendida quando me escalaram para interpretar a Pérola de Eterna Magia. Foi um trabalho muito bom para mim. Eu viajava nessa magia dos anos 40, 50. Me sentia em um filme daquela época. Depois fiz Capitu, acho que minha carreira vai muito bem na TV. Não tenho motivos para reclamar.
Quando você foi escalada para Caminho das Índias, teve receio de comparações com a Nazira, de O Clone?
Inicialmente, sim. Na verdade, isso era uma coisa dentro de mim. Mas eu dirigi um curta com minha filha que me ajudou muito nisso. Aprendi ali que quando se escala alguém para um papel, é pela “atmosfera” do ator. Claro que vão ter semelhanças, sou eu fazendo. É a minha voz, é a minha cara. E se a Glória Perez me escolheu, é porque ela sabe o que eu tenho a oferecer para esse personagem. É comum em novela você escalar um ator para aquilo que ele já mostrou que sabe fazer. É diferente de uma minissérie ou um espetáculo, onde você tem tempo para se despir de todas as características de personagens passados e embarcar em um trabalho de concentração e criação. Foi assim em Capitu, por exemplo.
Quanto tempo você trabalhou em cima de Capitu?
Você entrou no ponto que faz toda a diferença. Antes de começar a gravar, foram três meses só estudando a obra e os personagens. Depois, um mês e meio gravando. Foram quatro meses e meio de trabalho. E isso para cinco episódios no ar. Assim dá para você apagar o que você já fez, escolher o que mais tem a ver com a situação, com o personagem… Novela é mais difícil. Não tinha muito sentido ficar pensando no registro de voz, de caminhar, de falar da Nazira e da Indira. Tem quase oito anos que fiz O Clone. Eu já me refiz inteira desde aquela época. Por isso eu desencanei mesmo do risco de comparações.
Depois de muito tempo, você faz uma novela onde sua sensualidade não é explorada. Como você encara isso?
Acho ótimo poder usufruir dessas variações aos 56 anos. O ideal é trabalhar de forma periférica. Em cada obra eu desenvolvo melhor um lado. É isso que ajuda a tornar cada personagem diferente. Tem um monte de características minhas no banco de reserva, diferentes das que elegi para a vida. Elas ficam esperando uma oportunidade de serem usadas nos meus papéis.
Quase “local”
Eliane Giardini se diverte ao comparar sua vida com os valores familiares explorados em Caminho das Índias. Assim como os personagens do núcleo estrangeiro da novela de Glória Perez, a atriz conseguiu juntar três de seus principais parentes em um trabalho.
No curta Filtro de Papel, ela dividiu a direção com a filha Mariana Betti, usou um texto da irmã, Elizete Giardini Rosa, e acrescentou na última cena uma música da outra filha, Juliana Betti. “Quando eu digo que me identifico demais com a proposta da novela, não é exagero. As pessoas que saíram do interior têm esse apego à família”, justifica.
Decidida a se aperfeiçoar como atriz através de experiência no cinema e dirigir também, de alguma forma, sua carreira, Eliane já tem outro projeto próprio. Ela vai transformar em filme o espetáculo O Mundo dos Esquecidos, que encenou em 2007. A atriz já tem larga experiência em “fabricar” trabalho.
Antes de fazer sucesso como a batalhadora Dona Patroa em Renascer, na Globo, em 1993, as oportunidades para Eliane na TV não eram tão boas. Isso quando elas apareciam. O que deixava a atriz mais próxima dos palcos, produzindo suas peças. “Até os 40 anos eu não conseguia fazer um bom trabalho em TV. Eu tinha a síndrome da mulher invisível, não conseguia ser notada”, confessa.
Adaptação fácil
Um dos maiores prazeres de Eliane ao gravar suas cenas em Caminho das Índias é usar o figurino de Indira. A atriz não só se acostumou às cores e acessórios de sua personagem como também passou a gostar das peças utilizadas. “Fico triste cada vez que acaba e eu tenho de tirar para ir embora”, exagera.
A vantagem de usar um figurino extravagante, na opinião de Eliane, é poder experimentar algo que ela jamais se permitiria fora da ficção. “Sou muito básica na vida. Por isso mesmo, o trabalho funciona como uma terapia para mim”, entrega.
Além disso, a atriz admite que o “exagero” das roupas indianas – sob o ponto de vista ocidental – é um fator que a auxilia a “entrar” na personagem. “É só eu botar o cabelo, a roupa e a maquiagem que a Indira vai chegando. No final, eu não vejo mais a Eliane no espelho”, conclui.
Eu criei esse blog pra organizar as minhas notícias e ficar por dentro de tudo, só que do meu jeito. E se eu tiver sorte, este não vai ser divulgado e muito menos cair em mãos de qualquer um. A propósito... Quem sou eu? Isso não é da sua conta. Xoxo.
sábado, 12 de junho de 2010
"Não resisti", diz Eliane Giardini sobre convite para "Tempos Modernos"
Vitalidade é algo que não falta no discurso de Eliane Giardini. Aos 57 anos, a atriz mantém um olhar atento enquanto fala de maneira empolgada sobre os muitos assuntos que mexem com ela –e que vão de seriados americanos, como o icônico "Lost", à profissão de atriz. "Ainda fico muito encantada com os projetos, graças a Deus. Espero não perder isso, porque senão vai ficar muito chato", diz aos risos, a Hélia Pimenta de "Tempos Modernos".
Talvez por influência dessa personalidade forte, a atriz tem em seu currículo televisivo personagens igualmente intensas, como a viúva Neuta, de "América", e a controladora Dona Glória, mãe do protagonista Bentinho, de César Cardadeiro, na minissérie "Capitu". "Acho que tenho uma trajetória de vida da qual as pessoas têm essa leitura, de uma história da mulher comum, casada e com filhos, que começa a ter uma vida profissional exitosa depois dos 40", pondera.
A inclusão mais recente nessa lista é a temperamental Hélia, uma professora de dança que teve um romance cheio de altos e baixos com Leal Cordeiro, interpretado por Antônio Fagundes. Pela primeira vez, Eliane se encontra na posição de protagonista e brinca com a situação, fazendo referência ao longa "O Curioso Caso de Benjamin Button". "Desde que eu vi o filme, achei uma boa metáfora para minha vida. Desmonta essa coisa previsível de que a pessoa mais velha tem menos possibilidades", comemora.
Em um meio no qual atrizes com mais de 50 anos afirmam estarem fadadas a papéis menos interessantes, ela é uma exceção –e credita parte disso a sua maneira de enxergar os acontecimentos. "Parece papo de auto-ajuda, mas essas coisas começam na cabeça da gente. São as suas crenças que fazem a sua vida. Você faz escolhas a partir do que você acredita", defende.
A julgar pelas diversas nuances que a atual personagem possui, não faltou uma boa mentalização por parte de Eliane. Afinal, a dançarina reúne de tudo um pouco, a começar pelo drama de ter escondido do filho Zeca, de Thiago Rodrigues, que Leal era seu pai. "A Hélia é uma roda-gigante para mim. Tem todos os componentes: comédia, drama, melodrama, um romantismo exacerbado. Tem muitas camadas para trabalhar", enfatiza.
Para ela, conseguir dosar todos esses elementos sem perder as rédeas do personagem exige certa dose de esforço dos atores. Além disso, em "Tempo Modernos", ela elogia o auxílio do diretor José Luiz Villamarim, com quem já havia trabalhado em outras oportunidades. "Misturar drama e comédia é o que acho mais difícil. Tem uma medida muito sutil de trabalhar. Mas o Zé é um diretor excepcional, que tem uma sensibilidade muito grande", elogia.
Quem também desperta admiração da atriz é o autor, Bosco Brasil. Assinando pela primeira vez uma novela sozinho, o escritor é mais conhecido por seus trabalhos no teatro –principalmente a peça "Novas Diretrizes em Tempos de Paz". Para Eliane, a troca com ele tem sido bastante proveitosa. "Quando o autor enxerga que você escolheu algumas formas de dizer aquilo e começa a jogar junto, é uma das coisas mais prazerosas que existem. É um diálogo subliminar entre o ator e o autor", valoriza.
A oportunidade de trabalhar com ele foi um dos motivos que fez a atriz voltar ao ar cerca de quatro meses depois de se despedir de Indira de "Caminho das Índias". A personagem já havia acontecido logo em seguida à participação em "Capitu", e ela só pôde entrar na novela porque a antecessora no horário, "Caras & Bocas", foi esticada até janeiro, criando tempo hábil para Eliane sair de um folhetim e ingressar no outro. "Não esperava essa grande emendada, mas não consegui resistir. Era o Bosco escrevendo, o Zé dirigindo, o elenco é de primeira e a personagem, maravilhosa", enumera.
Talvez por influência dessa personalidade forte, a atriz tem em seu currículo televisivo personagens igualmente intensas, como a viúva Neuta, de "América", e a controladora Dona Glória, mãe do protagonista Bentinho, de César Cardadeiro, na minissérie "Capitu". "Acho que tenho uma trajetória de vida da qual as pessoas têm essa leitura, de uma história da mulher comum, casada e com filhos, que começa a ter uma vida profissional exitosa depois dos 40", pondera.
A inclusão mais recente nessa lista é a temperamental Hélia, uma professora de dança que teve um romance cheio de altos e baixos com Leal Cordeiro, interpretado por Antônio Fagundes. Pela primeira vez, Eliane se encontra na posição de protagonista e brinca com a situação, fazendo referência ao longa "O Curioso Caso de Benjamin Button". "Desde que eu vi o filme, achei uma boa metáfora para minha vida. Desmonta essa coisa previsível de que a pessoa mais velha tem menos possibilidades", comemora.
Em um meio no qual atrizes com mais de 50 anos afirmam estarem fadadas a papéis menos interessantes, ela é uma exceção –e credita parte disso a sua maneira de enxergar os acontecimentos. "Parece papo de auto-ajuda, mas essas coisas começam na cabeça da gente. São as suas crenças que fazem a sua vida. Você faz escolhas a partir do que você acredita", defende.
A julgar pelas diversas nuances que a atual personagem possui, não faltou uma boa mentalização por parte de Eliane. Afinal, a dançarina reúne de tudo um pouco, a começar pelo drama de ter escondido do filho Zeca, de Thiago Rodrigues, que Leal era seu pai. "A Hélia é uma roda-gigante para mim. Tem todos os componentes: comédia, drama, melodrama, um romantismo exacerbado. Tem muitas camadas para trabalhar", enfatiza.
Para ela, conseguir dosar todos esses elementos sem perder as rédeas do personagem exige certa dose de esforço dos atores. Além disso, em "Tempo Modernos", ela elogia o auxílio do diretor José Luiz Villamarim, com quem já havia trabalhado em outras oportunidades. "Misturar drama e comédia é o que acho mais difícil. Tem uma medida muito sutil de trabalhar. Mas o Zé é um diretor excepcional, que tem uma sensibilidade muito grande", elogia.
Quem também desperta admiração da atriz é o autor, Bosco Brasil. Assinando pela primeira vez uma novela sozinho, o escritor é mais conhecido por seus trabalhos no teatro –principalmente a peça "Novas Diretrizes em Tempos de Paz". Para Eliane, a troca com ele tem sido bastante proveitosa. "Quando o autor enxerga que você escolheu algumas formas de dizer aquilo e começa a jogar junto, é uma das coisas mais prazerosas que existem. É um diálogo subliminar entre o ator e o autor", valoriza.
A oportunidade de trabalhar com ele foi um dos motivos que fez a atriz voltar ao ar cerca de quatro meses depois de se despedir de Indira de "Caminho das Índias". A personagem já havia acontecido logo em seguida à participação em "Capitu", e ela só pôde entrar na novela porque a antecessora no horário, "Caras & Bocas", foi esticada até janeiro, criando tempo hábil para Eliane sair de um folhetim e ingressar no outro. "Não esperava essa grande emendada, mas não consegui resistir. Era o Bosco escrevendo, o Zé dirigindo, o elenco é de primeira e a personagem, maravilhosa", enumera.
Eliane Giardini é reconhecida na Irlanda
O sucesso de Eliane Giardini atravessa fronteiras. Segundo o jornal Extra, durante as gravações de "Eterna Magia", a atriz foi parada diversas vezes por fãs brasileiros em Dublin, na Irlanda.
Na trama de Elizabeth jhin, a atriz vive a Pérola.
Na trama de Elizabeth jhin, a atriz vive a Pérola.
Saudades da Bahia
Apesar de Eliane Giardini ter estreado na tevê há 24 anos com a Lídia da novela Ninho da Serpente, em 1982, na Band, foi com a Dona Patroa em Renascer, em 1993, na Globo, que a atriz alcançou reconhecimento como atriz. "Foi ela que colocou minha cara no mundo", garante a atriz.
Por isso, Eliane a considera sua personagem preferida na telinha. Além de atuar numa trama com um elenco reduzido e num núcleo de atores como Patrícia Pillar e Osmar Prado, por exemplo, Eliane passava dias gravando em Ilhéus, no Sul da Bahia. Quando terminavam as gravações, no início da noite, o elenco ia para a praia comer peixe frito e ver a lua nascer no mar. "Ficava até de madrugada dentro da água naquele calor. Eu agradecia a Deus 24 horas por dia por aqueles momentos. Que saudade!", recorda.
Por isso, Eliane a considera sua personagem preferida na telinha. Além de atuar numa trama com um elenco reduzido e num núcleo de atores como Patrícia Pillar e Osmar Prado, por exemplo, Eliane passava dias gravando em Ilhéus, no Sul da Bahia. Quando terminavam as gravações, no início da noite, o elenco ia para a praia comer peixe frito e ver a lua nascer no mar. "Ficava até de madrugada dentro da água naquele calor. Eu agradecia a Deus 24 horas por dia por aqueles momentos. Que saudade!", recorda.
Mania mutante
Eliane Giardini é inquieta por natureza. Basta a atriz morar por algum tempo em uma casa que logo decide se mudar ou fazer reformas. Na verdade, a arquitetura é uma antiga e contida paixão da atriz, que devora dezenas de revistas de decoração a cada mês. "Sou alucinada pelo assunto. Leio tudo. Gosto desse universo. Isso faz bem para a minha cabeça", assegura.
A atriz, que mora num confortável apartamento no Arpoador, na Zona Sul do Rio, há quase três anos, já está pensando em uma nova mudança: planeja ir para uma cobertura onde possa tomar sol sossegada, livre das lentes dos paparazzi, que batem ponto no calçadão da Praia de Ipanema, a poucos metros de sua casa. Mas antes de novamente fazer as malas, Eliane constata que essa ânsia por novos ares poderia ser saciada se ela fizesse algum curso de decoração para trabalhar com reformas entre uma personagem e outra. "Queria tentar entender o que é isso. Seria bom se virasse um meio de vida porque gosto de pegar um lugar em ruínas e mudar tudo", explica a atriz.
A atriz, que mora num confortável apartamento no Arpoador, na Zona Sul do Rio, há quase três anos, já está pensando em uma nova mudança: planeja ir para uma cobertura onde possa tomar sol sossegada, livre das lentes dos paparazzi, que batem ponto no calçadão da Praia de Ipanema, a poucos metros de sua casa. Mas antes de novamente fazer as malas, Eliane constata que essa ânsia por novos ares poderia ser saciada se ela fizesse algum curso de decoração para trabalhar com reformas entre uma personagem e outra. "Queria tentar entender o que é isso. Seria bom se virasse um meio de vida porque gosto de pegar um lugar em ruínas e mudar tudo", explica a atriz.
Eliane Giardini quer se distanciar das personagens cômicas
Eliane Giardini acha que chegou a hora de se despedir das personagens engraçadas na TV. Pelo menos por um tempo. Na pele da divertida carola Eva de Cobras & Lagartos, na Globo, a atriz nascida em Sorocaba, interior paulista, que completa 53 anos no próximo dia 20 de outubro, garante que vai fechar o ciclo dos papéis burlescos na telinha. Esta fase de mulheres divertidas começou com a Lola de Explode Coração, há 11 anos. De lá para cá, apenas as minisséries permitiram que a atriz vivesse personagens mais sérias, como a artista plástica Tarsila do Amaral em Um Só Coração ou a destemida Caetana, que está no ar em A Casa das Sete Mulheres. Todas, sem exceção, com uma aura de sensualidade implícita em cada cena. "Apesar de viver em ciclos, me identifico sempre com mulheres que dão viradas, que são fortes e destemidas", explica.
A Eva, de tão cômica, beira o humor pastelão. Uma beata fervorosa e reprimida que quando tem uma oportunidade, se transforma. Como quando virou a cigana Esmeralda. Além disso, vai ser revelado que o marido Serafim, do Otávio Augusto, não é pai de nenhum filho dela. Como tem sido viver uma carola às avessas?
Eu imaginava que havia uma razão para essa mulher ser mais do que beata, louca, fanática religiosa. Mas a gente nunca sabe o que o autor reserva. A Esmeralda deu um contraponto para a personagem. Ter uma possibilidade de mostrar um mundo reprimido é engraçado. Nunca sei para onde ela vai. Ela me parece um pouco a Terezinha daquela música "O primeiro me chegou, como quem vem do florista...". Sabe assim? É muita brincadeira, um texto no qual não cabem abordagens psicológicas, grandes construções de personagens.
Durante muito tempo você fez mulheres dramáticas na tevê. Mas desde Explode Coração suas personagens em novelas estão cada vez mais cômicas. Por quê?
Engraçada essa nova fase... Outro dia estava conversando sobre isso com a minha filha mais nova, Mariana, que está fazendo teatro. Ela me perguntou sobre as dificuldades das cenas de choro. Esse é o maior drama de quem está começando a carreira. Mas chorar está longe de ser o problema. É infinitamente mais fácil fazer uma cena dramática do que uma cômica. Há alguns anos, se me perguntassem se eu fazia comédia, diria que não. Nem eu sabia que poderia fazer. Mas não sou aquela atriz que pega qualquer texto e o transforma em graça. Isso é tipicamente dos atores cariocas, que têm essa facilidade, como o Pedro Cardoso ou o Luiz Fernando Guimarães. Eles dão uma entonação engraçada para qualquer texto. Não sou esse tipo de atriz. Preciso de uma situação cômica para fazer uma comédia em cima.
No início de Cobras & Lagartos eram visíveis na Eva algumas características da viúva Neuta, de América. Você identifica semelhanças entre as personagens?
Os personagens são uma roda gigante, um sobe e desce. A transição foi muito rápida entre as duas. Quase que emendei os dois trabalhos, até porque o ano que vem eu pretendo fazer apenas teatro. Na TV, mais do que um personagem, com alguns anos de trabalho, o ator constrói identidades. Com isso, as pessoas vão ver em que tipo de personagem você se encaixa melhor, qual o seu elemento. A TV não tem tempo de elaboração para um personagem como no teatro, que você pensa no jeito de andar, de sentar, de olhar. A escalação é de acordo com o tipo que sabem que você faz bem. O ator é que tem de se cuidar para, de tempos em tempos, propor um acréscimo, uma outra face, um outro lado, para que não submergir nesse estereótipo, para não virar um ator de um personagem só.
Você teme por emendar personagens parecidas?
É uma reflexão de cada ator. Nossa vida é feita de escolhas. Eu sei que está na hora de dar uma parada nesse tipo que venho fazendo. Preciso propor um novo tipo de personalidade, assim como fiquei muito tempo com papéis dramáticos, agora estou com os cômicos. Sou de fases. Tem personagens que gosto muito, como a Neuta, que ia do drama à comédia. Tinha um espectro maior de possibilidades. A Eva é só comédia. Nazira também era comédia pura. Preciso parar porque senão vou começar a emendar vários personagens parecidos. Tenho de esperar a vida me mudar um pouco para saber que linha seguir.
Independentemente da dramaticidade ou comicidade das suas personagens, todas sempre exploraram a sensualidade. Por quê?
Acho bom que seja assim. Isso enriquece as personagens. Na minha faixa etária, cada vez mais atrizes são sensuais. É o retrato de uma época. A minha geração é de transição, traz este prazo dilatado de sensualidade. Quem nasceu nos anos 50, como eu, pegou uma grande revolução cultural em 1968, que tirou tudo do lugar e reorganizou os conceitos de outra forma. Hoje vejo os velhinhos na terceira idade viajando, indo ao teatro, saindo. Na época dos meus pais, o idoso cuidava dos netos, administrava um final de vida. A minha geração tem um ganho extra de juventude, de sensualidade ainda, de uma qualidade de vida, de um corpinho mais bacana. Você pega uma Betty Faria com um corpo de bailarina com 60 anos. Sou uma das pessoas que empurram a idade.
Isso ficou mais latente depois de viver a Neuta, uma viúva que se apaixonava por um jovem peão?
Sinto que tenho tido uma grande identificação com mulheres que dão viradas, que não são conformadas, mas ativas, que dão esperanças.
Foi difícil se livrar da grande repercussão dessa personagem?
Acho que a Neuta está por aí. Não me livrei dela. Gosto de imaginar que meus personagens estão por aí e ela é muito feliz. Até hoje, quando vou gravar no Projac, passo pela cidade cenográfica onde ficava a fazenda da Neuta e todas as vezes penso que ela deve estar ali com o bofe dela, feliz da vida! (risos). É muito feliz o que aconteceu com aquela personagem. Não faço questão que isso termine. Essas coisas somam. Gosto de imaginar que todas as minhas personagens continuam por aí.
Esse zelo com suas personagens tem alguma ligação com o fato de você ter feito sucesso tarde na TV, só a partir de Renascer?
Acho que sim (risos). Me incomodava muito não ter visibilidade. Talvez, seu eu não tivesse casada com o Paulo Betti, que começou a carreira comigo em teatro amador em Sorocaba, essa ausência de sucesso na época em que ele despontou não tivesse me incomodado tanto. De repente, o Paulo começou a carreira na Globo e eu fiquei fazendo teatro em São Paulo. Isso deu um descompasso muito doloroso. Se eu não tivesse esse contraponto ao meu lado, seria melhor. Hoje eu acho que foi bárbaro ter acontecido tudo isso porque foram esses 10 anos de desarmonia que fizeram com que eu me aprofundasse na minha história. Pude entender quem eu era, como eu lidava com aquilo tudo. Foi um momento de autoconhecimento muito grande. Isso me deu um amadurecimento que, se eu tivesse feito sucesso desde o início, talvez só agora eu tivesse. Mas hoje percebo que o patamar profissional que estou hoje seria o mesmo se tivesse começado a fazer sucesso aos 20 anos. Estaria fazendo os mesmos personagens. Com isso, percebi que o tempo não existe.
A Eva, de tão cômica, beira o humor pastelão. Uma beata fervorosa e reprimida que quando tem uma oportunidade, se transforma. Como quando virou a cigana Esmeralda. Além disso, vai ser revelado que o marido Serafim, do Otávio Augusto, não é pai de nenhum filho dela. Como tem sido viver uma carola às avessas?
Eu imaginava que havia uma razão para essa mulher ser mais do que beata, louca, fanática religiosa. Mas a gente nunca sabe o que o autor reserva. A Esmeralda deu um contraponto para a personagem. Ter uma possibilidade de mostrar um mundo reprimido é engraçado. Nunca sei para onde ela vai. Ela me parece um pouco a Terezinha daquela música "O primeiro me chegou, como quem vem do florista...". Sabe assim? É muita brincadeira, um texto no qual não cabem abordagens psicológicas, grandes construções de personagens.
Durante muito tempo você fez mulheres dramáticas na tevê. Mas desde Explode Coração suas personagens em novelas estão cada vez mais cômicas. Por quê?
Engraçada essa nova fase... Outro dia estava conversando sobre isso com a minha filha mais nova, Mariana, que está fazendo teatro. Ela me perguntou sobre as dificuldades das cenas de choro. Esse é o maior drama de quem está começando a carreira. Mas chorar está longe de ser o problema. É infinitamente mais fácil fazer uma cena dramática do que uma cômica. Há alguns anos, se me perguntassem se eu fazia comédia, diria que não. Nem eu sabia que poderia fazer. Mas não sou aquela atriz que pega qualquer texto e o transforma em graça. Isso é tipicamente dos atores cariocas, que têm essa facilidade, como o Pedro Cardoso ou o Luiz Fernando Guimarães. Eles dão uma entonação engraçada para qualquer texto. Não sou esse tipo de atriz. Preciso de uma situação cômica para fazer uma comédia em cima.
No início de Cobras & Lagartos eram visíveis na Eva algumas características da viúva Neuta, de América. Você identifica semelhanças entre as personagens?
Os personagens são uma roda gigante, um sobe e desce. A transição foi muito rápida entre as duas. Quase que emendei os dois trabalhos, até porque o ano que vem eu pretendo fazer apenas teatro. Na TV, mais do que um personagem, com alguns anos de trabalho, o ator constrói identidades. Com isso, as pessoas vão ver em que tipo de personagem você se encaixa melhor, qual o seu elemento. A TV não tem tempo de elaboração para um personagem como no teatro, que você pensa no jeito de andar, de sentar, de olhar. A escalação é de acordo com o tipo que sabem que você faz bem. O ator é que tem de se cuidar para, de tempos em tempos, propor um acréscimo, uma outra face, um outro lado, para que não submergir nesse estereótipo, para não virar um ator de um personagem só.
Você teme por emendar personagens parecidas?
É uma reflexão de cada ator. Nossa vida é feita de escolhas. Eu sei que está na hora de dar uma parada nesse tipo que venho fazendo. Preciso propor um novo tipo de personalidade, assim como fiquei muito tempo com papéis dramáticos, agora estou com os cômicos. Sou de fases. Tem personagens que gosto muito, como a Neuta, que ia do drama à comédia. Tinha um espectro maior de possibilidades. A Eva é só comédia. Nazira também era comédia pura. Preciso parar porque senão vou começar a emendar vários personagens parecidos. Tenho de esperar a vida me mudar um pouco para saber que linha seguir.
Independentemente da dramaticidade ou comicidade das suas personagens, todas sempre exploraram a sensualidade. Por quê?
Acho bom que seja assim. Isso enriquece as personagens. Na minha faixa etária, cada vez mais atrizes são sensuais. É o retrato de uma época. A minha geração é de transição, traz este prazo dilatado de sensualidade. Quem nasceu nos anos 50, como eu, pegou uma grande revolução cultural em 1968, que tirou tudo do lugar e reorganizou os conceitos de outra forma. Hoje vejo os velhinhos na terceira idade viajando, indo ao teatro, saindo. Na época dos meus pais, o idoso cuidava dos netos, administrava um final de vida. A minha geração tem um ganho extra de juventude, de sensualidade ainda, de uma qualidade de vida, de um corpinho mais bacana. Você pega uma Betty Faria com um corpo de bailarina com 60 anos. Sou uma das pessoas que empurram a idade.
Isso ficou mais latente depois de viver a Neuta, uma viúva que se apaixonava por um jovem peão?
Sinto que tenho tido uma grande identificação com mulheres que dão viradas, que não são conformadas, mas ativas, que dão esperanças.
Foi difícil se livrar da grande repercussão dessa personagem?
Acho que a Neuta está por aí. Não me livrei dela. Gosto de imaginar que meus personagens estão por aí e ela é muito feliz. Até hoje, quando vou gravar no Projac, passo pela cidade cenográfica onde ficava a fazenda da Neuta e todas as vezes penso que ela deve estar ali com o bofe dela, feliz da vida! (risos). É muito feliz o que aconteceu com aquela personagem. Não faço questão que isso termine. Essas coisas somam. Gosto de imaginar que todas as minhas personagens continuam por aí.
Esse zelo com suas personagens tem alguma ligação com o fato de você ter feito sucesso tarde na TV, só a partir de Renascer?
Acho que sim (risos). Me incomodava muito não ter visibilidade. Talvez, seu eu não tivesse casada com o Paulo Betti, que começou a carreira comigo em teatro amador em Sorocaba, essa ausência de sucesso na época em que ele despontou não tivesse me incomodado tanto. De repente, o Paulo começou a carreira na Globo e eu fiquei fazendo teatro em São Paulo. Isso deu um descompasso muito doloroso. Se eu não tivesse esse contraponto ao meu lado, seria melhor. Hoje eu acho que foi bárbaro ter acontecido tudo isso porque foram esses 10 anos de desarmonia que fizeram com que eu me aprofundasse na minha história. Pude entender quem eu era, como eu lidava com aquilo tudo. Foi um momento de autoconhecimento muito grande. Isso me deu um amadurecimento que, se eu tivesse feito sucesso desde o início, talvez só agora eu tivesse. Mas hoje percebo que o patamar profissional que estou hoje seria o mesmo se tivesse começado a fazer sucesso aos 20 anos. Estaria fazendo os mesmos personagens. Com isso, percebi que o tempo não existe.
Conjuntivite ataca Eliane Giardini, mas não a afasta de gravações
A dedicação de Eliane Giardini ao trabalho é tanta, que a atriz não se afasta dos compromissos nem quando surgem alguns percalços. Nesta semana, a atriz foi surpreendida com uma conjutivite no olho direito e, apesar do inchaço e da ardência, compareceu firme e forte nos estúdios para gravar Tempos Modernos. Poucos dias depois, o problema atacou o olho esquerdo, após ela se recuperar do outro olho. Nada mal para uma profissional como Eliane. Ela encarou a maquiagem numa boa e apenas escondeu o inchaço com os cabelos para aparecer bem no vídeo. Tudo por amor ao ofício.
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