sábado, 12 de junho de 2010

A madura sensualidade de Eliane Giardini

A atriz, que se tornou símbolo sexual depois dos 40, abre sua casa e faz surpreendentes revelações. Diz até que hoje, aos 49 anos, com duas filhas adultas, toparia ser mãe mais uma vez.

Aos 49 anos, a atriz Eliane Giardini é um vulcão de sensualidade. Mas por pouco o público não perdeu o brilho daqueles olhos verdes. Sem convites de trabalho e prestes a completar 40 anos, quase desistiu da TV nos anos 80. "Pensei: 'Passou o bonde, não rolou nada comigo. Vou empacotar meus sonhos'", lembra. O sucesso do marido na época – o ator Paulo Betti, 49, com quem foi casada por 25 anos –, agravou a crise. "Tive um sentimento forte de injustiça", diz ela, que tem apenas um arrependimento dessa fase. "Se soubesse que aos 40 as portas não estariam fechadas, não teria feito dois abortos." Em 1992, finalmente, Eliane estourou na novela Renascer. Hoje, como a solteirona Nazira, de O clone, prova que mesmo coberta poderia levar muitos homens do outro lado da telinha a cometerem "haram" (pecado). "Acho que até se interpretasse uma freira a faria libidinosa."

QUEM – Para criar a Nazira você conversou com as mulheres do Marrocos?
Eliane Giardini – Muito. Para a mulher ocidental é extremamente difícil entendê-las. Mas tudo tem dois lados. As muçulmanas são muito amparadas. Elas me falaram: "Vocês acham que privilegiam o amor, têm liberdade, trabalham fora. Mas se casam, se divorciam, têm dois empregos para sustentar os filhos porque marido nenhum tem obrigação de nada na sua terra. Vocês ocidentais é que estão pagando um preço altíssimo por essa emancipação."

QUEM – O que acha disso?
EG – Ainda prefiro ser uma mulher ocidental. Mas temos de respeitá-las. Gostam de viver cobertas e falam que nós é que somos usadas, que nossa bunda serve para vender de carro a sabonete. Afirmam que seus homens ficam com elas pelo caráter e não pela aparência física. Dá para pensar qual é nossa liberdade se temos de ter juventude eterna porque, se não, valemos menos.

QUEM – Você virou símbolo sexual aos 40 anos, fazendo Dona Patroa, da novela Renascer.

EG – Não é mérito só meu. É da minha geração, que descobriu que depois dos filhos criados ainda tinha muita vida pela frente. Com os filhos saindo de casa, vivemos uma segunda adolescência. Retomamos o que deixamos de fazer aos 20 para criar uma família.

QUEM – Você foi casada com Paulo Betti durante 25 anos (de 1972 a 1997) . Ele fez sucesso na TV primeiro. Isso a incomodou?
EG – Em 82, ele foi chamado para fazer uma novela na Globo, que sempre dá mais visibilidade. De 82 a 86, fiz novelas na Bandeirantes, no SBT e na Manchete. Mas minha carreira tinha pouca repercussão. Em 89, fui para a Globo, fazer a minissérie Desejo. Mas só em 92 fiquei conhecida em Renascer.

QUEM – Mas o sucesso dele a incomodou?
EG – De 82 a 90 foram oito anos de descompasso na nossa vida. Nossas carreiras sempre foram de muito equilíbrio. Em Sorocaba, fizemos teatro amador, sempre éramos premiados. Éramos o casal 20. De repente, ele arrebenta na TV e fica famoso nacionalmente. Foi muito difícil porque a competição é inevitável na vida do casal. Ainda mais quando trabalham na mesma área, começaram juntos e têm carreiras tão equilibradas. Tive um sentimento forte de injustiça.

QUEM – Então sentiu ciúme dele?
EG – Não é bem isso. Mas me perguntava por que não estava acontecendo comigo também. Ao mesmo tempo, via o quanto ele trabalhava e que eu podia estar em casa com minhas filhas (Juliana, 25 anos, e Mariana, 21). Mas o tempo estava passando, eu estava perto dos 40 e nada. Tive uma crise existencial.

QUEM – Tem algum arrependimento?

EG – Interrompi duas gestações porque já tinha minhas filhas e não queria mais. Até pensava em ter uma família maior, mas tinha de estar pronta para os trabalhos e não podia me desviar da carreira e ficar grávida.

QUEM – Isso ainda a incomoda?
EG – Se soubesse que aos 40 as portas não estariam fechadas, não teria feito os abortos. Mas me perdôo por isso. Naquele momento, seria mais feliz trabalhando.

QUEM – Como suas filhas encararam a separação?

EG – É sempre doloroso. Desmontamos uma história confortável para todos. Mas as coisas não acontecem de repente.

QUEM – Você saiu da casa onde o Paulo mora hoje com a atual mulher, a atriz Maria Ribeiro.
EG – Para mim era indiferente. Terminei a obra naquela casa e me separei logo depois. Para mim, ir para outro lugar e construir tudo de novo era estimulante. Vendo o meu temperamento e o dele, sair era mais fácil para mim.

QUEM – Logo depois você namorou o ator Ernani Jr., 26 anos mais jovem.

EG – Aconteceu. Sempre me apaixonei por homens da minha idade. Ele foi um caso à parte.

QUEM – Foi bom ficar com homem mais novo?
EG – Estava numa fase muito para fora, curtindo a vida. Eu e minhas filhas íamos com os namorados à praia e ficávamos vendo os três surfarem. Morria de rir. Não gosto de Carnaval e, quando vi, estava em cima de um trio elétrico com ele, em Salvador. Foi bárbaro, tenho o maior carinho por esse período.

QUEM – Está sozinha agora?
EG – Estou. Depois do Ernani tive uma grande paixão que ainda não terminou. Fiquei o ano passado inteiro com uma pessoa que não mora no Brasil. Os obstáculos eram enormes. Talvez o amor não fosse tão grande da parte dele. Para mim, a prioridade das prioridades é amar e ter um grande amor.

QUEM – Você tem um lado maternal forte. Pensa em ter mais filhos?

EG – Se casasse com um homem que não tivesse filhos e quisesse ser pai, teria, sim. Tenho uma vontade enorme de ter crianças em casa. Mas queria que fossem meus netos.

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