sábado, 12 de junho de 2010

"Não resisti", diz Eliane Giardini sobre convite para "Tempos Modernos"

Vitalidade é algo que não falta no discurso de Eliane Giardini. Aos 57 anos, a atriz mantém um olhar atento enquanto fala de maneira empolgada sobre os muitos assuntos que mexem com ela –e que vão de seriados americanos, como o icônico "Lost", à profissão de atriz. "Ainda fico muito encantada com os projetos, graças a Deus. Espero não perder isso, porque senão vai ficar muito chato", diz aos risos, a Hélia Pimenta de "Tempos Modernos".

Talvez por influência dessa personalidade forte, a atriz tem em seu currículo televisivo personagens igualmente intensas, como a viúva Neuta, de "América", e a controladora Dona Glória, mãe do protagonista Bentinho, de César Cardadeiro, na minissérie "Capitu". "Acho que tenho uma trajetória de vida da qual as pessoas têm essa leitura, de uma história da mulher comum, casada e com filhos, que começa a ter uma vida profissional exitosa depois dos 40", pondera.

A inclusão mais recente nessa lista é a temperamental Hélia, uma professora de dança que teve um romance cheio de altos e baixos com Leal Cordeiro, interpretado por Antônio Fagundes. Pela primeira vez, Eliane se encontra na posição de protagonista e brinca com a situação, fazendo referência ao longa "O Curioso Caso de Benjamin Button". "Desde que eu vi o filme, achei uma boa metáfora para minha vida. Desmonta essa coisa previsível de que a pessoa mais velha tem menos possibilidades", comemora.

Em um meio no qual atrizes com mais de 50 anos afirmam estarem fadadas a papéis menos interessantes, ela é uma exceção –e credita parte disso a sua maneira de enxergar os acontecimentos. "Parece papo de auto-ajuda, mas essas coisas começam na cabeça da gente. São as suas crenças que fazem a sua vida. Você faz escolhas a partir do que você acredita", defende.

A julgar pelas diversas nuances que a atual personagem possui, não faltou uma boa mentalização por parte de Eliane. Afinal, a dançarina reúne de tudo um pouco, a começar pelo drama de ter escondido do filho Zeca, de Thiago Rodrigues, que Leal era seu pai. "A Hélia é uma roda-gigante para mim. Tem todos os componentes: comédia, drama, melodrama, um romantismo exacerbado. Tem muitas camadas para trabalhar", enfatiza.

Para ela, conseguir dosar todos esses elementos sem perder as rédeas do personagem exige certa dose de esforço dos atores. Além disso, em "Tempo Modernos", ela elogia o auxílio do diretor José Luiz Villamarim, com quem já havia trabalhado em outras oportunidades. "Misturar drama e comédia é o que acho mais difícil. Tem uma medida muito sutil de trabalhar. Mas o Zé é um diretor excepcional, que tem uma sensibilidade muito grande", elogia.

Quem também desperta admiração da atriz é o autor, Bosco Brasil. Assinando pela primeira vez uma novela sozinho, o escritor é mais conhecido por seus trabalhos no teatro –principalmente a peça "Novas Diretrizes em Tempos de Paz". Para Eliane, a troca com ele tem sido bastante proveitosa. "Quando o autor enxerga que você escolheu algumas formas de dizer aquilo e começa a jogar junto, é uma das coisas mais prazerosas que existem. É um diálogo subliminar entre o ator e o autor", valoriza.

A oportunidade de trabalhar com ele foi um dos motivos que fez a atriz voltar ao ar cerca de quatro meses depois de se despedir de Indira de "Caminho das Índias". A personagem já havia acontecido logo em seguida à participação em "Capitu", e ela só pôde entrar na novela porque a antecessora no horário, "Caras & Bocas", foi esticada até janeiro, criando tempo hábil para Eliane sair de um folhetim e ingressar no outro. "Não esperava essa grande emendada, mas não consegui resistir. Era o Bosco escrevendo, o Zé dirigindo, o elenco é de primeira e a personagem, maravilhosa", enumera.

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